De cores e flores assim quero os dias...

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

As Ruas dos nossos Caminhos

A rua da rimas

(Guilherme de Almeida)

A rua que eu imagino, desde menino, para o meu destino pequenino é uma rua de poeta, reta, quieta, discreta,direita, estreita, bem feita, perfeita,com pregões matinais de jornais, aventais nos portais, animais e varais nos quintais; e acácias paralelas, todas elas belas, singelas, amarelas, douradas, descabeladas, debruçadas como namoradas para as calçadas; e um passo, de espaço a espaço, no mormaço de aço baço e lasso; e algum piano provinciano, quotidiano, desumano, mas brando e brando, soltando, de vez em quando, na luz rara de opala de uma sala uma escala clara que embala; e, no ar de uma tarde que arde, o alarde das crianças do arrabalde; e de noite, no ócio capadócio, junto aos lampiões espiões, os bordões dos violões; e a serenata ao luar de prata (Mulata ingrata que mata…); e depois o silêncio, o denso, o intenso, o imenso silêncio… A rua que eu imagino, desde menino, para o meu destino pequenino é uma rua qualquer onde desfolha um malmequer uma mulher que bem me quer é uma rua, como todas as ruas, com suas duas calças nuas, correndo paralelamente, como a sorte diferente de toda gente, para a frente, para o infinito; mas uma rua que tem escrito um nome bonito, bendito, que sempre repito e que rima com mocidade, liberdade, tranqüilidade: RUA DA FELICIDADE…

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