
Tenho desejos maiores
Eu quero beijos intermináveis
Até que os olhos mudem de cor....
Agora que sei quem me faz bem
Canto para a morte de Michael Jackson*Oswaldo Montenegro
Hoje morreu Peter PanNão se sabe do que foiVitiligo ou pressa vãDe voltar ao que já foiTinha voz de uma criançaCom o sexo de um senhorEra Deus dançando a dançaDe um diabo sedutorDizem que não tinha corTransparente como a luzSó queria ser sem dorComo um Cristo sem a cruzPeter Pan morreu de moçoQue de velho morre o GanchoUm jantar antes do almoçoFez o quadro e eu não desmanchoTanta gente quer crescerMas a fome diz que nãoPeter Pan quis inverterComo sabem, foi em vãoPinga a chuva arroxeadaDe outro príncipe XamãUma antena angustiadaBusca a antena quase irmãPeter Pan tava famosoFez o mundo de quintalEra triste, desgostosoComo um Buda no NatalEra solto e deslocadoComo o barco sem a velaCoração enclausuradoEra casa sem janelaSe era rei ou se era tristeEu não sei, sabe ninguémNinguém sabe o que existeEntre o mal, o nada e o bemSe gostava de criançaE criança é o que ele eraInventou uma mudançaE mudança a vida geraNinguém sabe e todo mundoDiz que sabe o que não sabeDiz que o raso é que é profundoDiz que guarda o que não cabePeter Pan morreu de diaLibertado de um açoiteQue ele mesmo (quem diria)Punha no seu ombro à noiteTão humanos são os loucosTão divinos os normaisTão agudos são os roucosTão sensíveis os mentaisSó nos resta a madrugadaCom promessas de manhãPois a ele resta nadaAcabou-se o Peter PanFica só um jeito tortoQue encantava a todos nósMichael Jackson ta mortoEstá viva a sua vozNa criança da favelaQue hoje pensa que amanhãVai ser nau de caravelaComo foi o Peter PanAlguns dizem que era virgemOutros que era marcianoQue sofria de vertigemCá pra nos, ele era humano
Assim juntara uma procissão de coisas miúdas. Quedavam-se quase despercebidas no seu quarto. Eram bonecos magrinhos e altos como ela mesma. Minuciosos, ligeiramente desproporcionados, alegres, um pouco perplexos — às vezes, subitamente, pareciam um homem coxo rindo. Mesmo suas figurinhas mais suaves tinham uma imobilidade atenta como a de um santo. E pareciam inclinar-se, para quem as olhava, também como os santos. Virgínia podia fitá-las uma manhã inteira, que seu amor e sua surpresa não diminuiriam...
As dificuldades surgiam como uma vida que vai crescendo. Seus bonecos, pelo efeito do barro claro, eram pálidos. Se ela queria sombreá-los não o conseguia com o auxílio da cor, e por força dessa deficiência aprendeu a lhes dar sombra ainda por meio de forma. Depois inventou uma liberdade: com uma folhinha seca sob um fino traço de barro conseguia um vago colorido, triste assustada quase inteiramente morto. Misturando barro à terra, obtinha ainda outro material menos plástico, porém mais severo e solene. MAS COMO FAZER O CÉU? Nem começar podia! Não queria nuvens — o que poderia obter, pelo menos grosseiramente — mas o céu, o céu mesmo, com sua existência, cor solta, ausência de cor. Ela descobriu que precisava usar uma matéria mais leve que não pudesse sequer ser apalpada, sentida, talvez apenas vista, quem sabe! Compreendeu que isso ela conseguiria com tintas. http://www.releituras.com/i_bonecos_clispector.asp - Achei lindo e não podia deixar de postar...
Lenine,
Fafa de Belem,
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Elba Ramalho,
Fernanda Abreu e
Margareth Menezes
...Aumenta o Sommm...AMEIII